# Comboio*

Consegues ver-me?

Estou aqui sentado no banco, tenho um sorriso estampado na cara, um sorriso de felicidade que ninguém me conseguirá tirar. Estou a espera que o nosso comboio chegue, e que ele me leve até um lugar chamado “amor, rumo a “felicidade”.

Olho em meu redor e vejo tantas pessoas, todas têm o coração nas mãos.

Está ali, ao meu lado, um jovem de olhos verdes e cabelo cumprido. Nota-se nele que não está bem. Pergunto-lhe o que se passa, ele não me responde.

A minha frente encontra-se uma senhora idosa, tem longos cabelos brancos e roupas antigas. Nota-se nela que não está bem. Pergunto-lhe o que se passa, mas ela não me responde.

O silencio era cada vez maior, as pessoas começavam a deixar de falar, não havia aquela agitação que se costumava ver na estação, o ambiente ficou mais pesado e mais tenso.

Percebi naquele instante que ele tinha acabado de chegar, estava ali, conseguia vê-lo lá ao fundo. O rapaz que estava ao meu lado começou a correr para ver se o conseguia apanhar a tempo, a senhora ela, nem se mexeu, esperou pelo próximo.

Comecei a deixar de sorrir, comecei a sentir que aquilo não era só um comboio, ele representava o amor.

As pessoas queriam todas apanha-lo.

Havia aquelas que esperavam sentadas pelo bom, podendo esperar uma vida inteira, sem nunca o encontrar. Havia outras que passavam a vida a correr, tentando sempre apanha-lo, mas sem nunca conseguir.

Algumas por sorte, conseguiram apanha-lo, mas o comboio não era aquele que elas esperavam, levou-as rumo a algo que não pretendiam.

Eu, ainda não entrei em nenhum, penso no futuro, mas nada me diz se este será o bom ou não. Sei que tenho que entrar, não posso ter medo, se este não for o bom, posso sempre voltar a entrar noutro não é?