Hoje, a menina da aldeia foi a cidade e observou aquele mundo tão estranho onde tantas pessoas passam umas pelas outras sem se falarem ou sequer olhar na mesma direção.
Sentei-me no meio da avenida, toda vestida de branco, com o meu caderno de capa preta no colo. Cruzei as pernas e fiquei lá, observando todos aqueles que andavam pelas ruas. De todas as pessoas que passaram por mim, nenhuma posou o olhar. Provavelmente não despertei interesse neles. Ninguém se aproximou, nem perdeu um segundinho a olhar para a menina pobre que vinha da aldeia, talvez por falta de tempo, talvez por vergonha ou então por medo da diferença, não sei bem, só sei que todos caminhavam com pressa, não paravam para contemplar a beleza do lugar.
Sentia-me sufocar com esta falta de liberdade, senti saudade do cheiro das flores, do vento nas árvores e da natureza a despertar. Apeteceu-me fugir da civilização, voltar para o campo e correr descalça.
Aqui, nada era natural, tudo era artificial, até o sorriso das pessoas não me parecia verdadeiro e sincero. Elas sorriam uma para as outras como para disfarçar a falta de educação.
Na minha aldeia, as pessoas não sorriem, mas riem-se, riem-se com coisas simples, surpreendem-se com um nada e ficam felizes com pouco. Aqui, não há meias palavras ou não ditos, as pessoas afrontam-se e resolvem os problemas pela palavra.
Por alguns instantes, recordei as palavras dos meus pais e a menina ingénua que eu sou percebeu que a vida na cidade não era tão feliz quanto isso.
Isto que acabaste de dizer é tão verdadeiro. Eu senti essa diferença quando vim morar para a "aldeia" . :) Beijinhos
ResponderEliminarSó tu Kelly, que com essa forma de transmitir algo por letras consegues dizer o que acho!
ResponderEliminarNão trocava a vida da aldeia por nada e é por isso que tenho orgulho na minha freguesia e faço estes vídeos:
http://www.youtube.com/user/producoesLGouteiro