# Desistir do amor*

Estava frio naquele bosque, as árvores eram propícias ao vento e as tempestades eram frequentes. O sol nem sempre nascia, e eu arrepiava-me com os barulhos que a noite trazia, ou com os gemidos que o meu coração fazia.

Por um determinado momento, pensei em largar a tua mão, desistir. Só que um segundo depois fiz para mim mesma as seguintes perguntas: desistimos de alguém que amamos? Desistimos dos nossos sonhos assim tão facilmente? Desiste-se do amor? E foi a partir dessas perguntas, que encontrei todas as respostas, elas não poderiam ser melhores. Percebi que nos preocupamos tão pouco em resgatar o que nos faz bem e acabamos por deixar ir aquilo que mais desejamos. Talvez seja mais fácil desistir, pois lutar cansa e podemos nem sempre vencer mas será que isso é solução? De repente, larguei tudo o que me prendia de forma negativa nesta fase ruim e concentrei todas as minhas forças em recuperar o que nós tínhamos. Tínhamos não, temos. E eu descobri que desistir de ti, era a mesma coisa que desistir de mim mesma. Como é que eu poderia deixar escapar de uma maneira tão estúpida a razão da minha felicidade? Enquanto que milhares de pessoas estão à procura dela, eu com a sorte que tenho de a ter encontrado, ia deixá-la escapar assim? Aí entendi que quando o amor é verdadeiro, não dá para desistir dele. Então, respirei fundo, peguei no telemóvel e liguei-te. A emoção na minha voz transbordava, a minha respiração estava mais acelerada do que o costume, tal como os meus batimentos cardíacos. Tinha medo de ter deixado passar demasiado tempo, de ter destruído a única razão do meu sorriso mas mal ouvi a tua voz, entendi que estava no caminho certo. Poderia demorar dias, meses ou anos, mas nunca iria destituir, pois, quem ama acredita e principalmente, luta até ao fim.