A noite está prestes a cair e eu aproveito um
pouco a acalmia do momento para atravessar a ponte dos desejos. Observo-te lá ao
fundo de mão dada com a vida. E então, desejo-te a ti, com força. Fecho os
olhos, e sussurro ao sol o teu nome. Desejo-te comigo, aqui, agora.
Desejo o teu cheiro no meu vestido vermelho movimentado com o vento ou na minha
camisa já suja das nossas brincadeiras. Desejo o teu calor ardente. Desejo o
entrelaçar dos teus dedos nos meus. Desejo o banco do jardim, a toalha
estendida na erva molhada e o passeio encurtado e já gasto com os passos
dos seres apaixonados. Desejo mais caminhadas pela areia quente da praia e mais
agasalhos nas noites frias de Inverno. Desejo o teu casaco nas minhas costas e
o teu braço junto às minhas coxas. Desejo conversas com os amigos e gargalhadas
com a família. Desejo ler-te as mãos e aquecer-te a voz. Desejo ouvir as
histórias da tua mãe, as birras da tua afilhada e as asneiras do teu primo.
Desejo ver-me com o coração derretido sempre que me apresentares como sendo
tua. Desejo ouvir-te cantar músicas de embalar aos nossos filhos. Desejo que
olhes para mim da mesma maneira que olho para ti. Desejo
que me desejes loucamente. Desejo que me beijes para me calar quando
estiver a ser melodramática ou simplesmente sempre que te apetecer provar o
sabor dos meus lábios. Mas principalmente, desejo que não sejam só desejos por
desejar, mas sim, que seja uma vida por contemplar a teu lado.
Sem comentários:
Enviar um comentário